segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desembarque


"Navigare necesse; vivere non est necesse"


Quero comprar um barco.
Um lar que balança como um berço para que eu possa morar.
Navegar pelos ares sonoros, deslizar correntes. Ter um barco...

Para que a vida seja,
não só o sopro quase sempre inesperado,
mas o mormaço, a brisa, o azul de céu, o pedaço do oceano,
os devaneios do mar.

Quero embarcar nessa onda que não teme correnteza,
que corre seus riscos e não tem medo de se afogar.

Vou pendurar quadros em suas paredes incertas,
encher de uísque, rum e vodka as prateleiras do bar.
Deixarei as escotilhas abertas, buscarei a bússola antiga e velas eternamente preparadas para zarpar.

Meu barco sem âncoras, sem jeito, sem rumo,
cheio de asas de ir e voltar.

Hei de morar em você, caminhar como quem mergulha em águas
que não se deve nadar.