terça-feira, 29 de novembro de 2011

O silêncio


Silêncio...
Eis que sinto a pulsação do corpo
Meu peito pulsa como um tiro de melancolia
Meus olhos se fecham
Sinto meus pés se distanciando do chão
Meu corpo se esvai
Por entre as cores dos céus
E minha alma flutua
Perpassando a imensidão


Poesia: Bruno Grossi.
Imagem: Banksy.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Maré

Mais uma vez
o coração flechado
e as canções de amor ordinárias
que soam odes personalizadas

Palavras que não logram
a expressão das juras
excessivamente ditas
ou excessivamente mudas

Perna dobrada para trás ao falar ao telefone
iniciais riscadas na parede com uma chave
fantasias diurnas de encontros etéreos
fantasias noturnas de choques corpóreos
e suspiros e vertigens e milongas –
o comportamento costumeiro
do amor quando desponta

Ó pobres corpos
ridicularizados por hormônios!
Pobres de vocês e de nós
que pensamos ser budas
peixes que somos
controlados pelos eixos
do ciclo da lua

Maré, infalível
metáfora do amor.




Poesia: Luisa Godoy.
Imagem: DDiArte.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Estrelas da Noite

a Daniel Rubens Prado (Buda)
passavam sempre ali as putas
piranhas vadias maquiadas
pisavam com passos leves
purpurinas meninas mulheres

passavam ali e atormentavam
os senhores as senhoras
pudicos em seus lares e dogmas
passavam sim e eram belas e fogosas

a noite descia e trazia consigo
as estrelas- vênus das ruas
brilhavam e iluminavam
a vida e os desejos dos homens

não se sabia se eram fêmeas machos
travestidos andrógenos bichos bichas
não se sabia se sonhavam se amavam
se gozavam se seduziam se machucavam

eram estranhos seres felizes
donos da madrugada dos mundanos
dos menestréis mendigos magistrados
dos miseráveis dos mentecaptos dos mortos-vivos

na sombra da noite eram morcegos iluminados
à procura de sangue
dos inocentes ou dos culpados
vampiros imortais em seus desvãos de sedução

quando a noite se ia
e não se via mais a lua
as estrelas das noites
senhoras das ruas e dos bares
maldição de todos os lares
desapareciam nos bueiros da cidade




Poesia: Adriana Godoy.Imagem: Rafael Godoy.